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Tire suas dúvidas sobre dermatite atópica

mar. 06, 2017

A Dermatite atópica é a forma de alergia mais frequente nos primeiros 10 anos de vida. É uma doença inflamatória crônica da pele que se caracteriza por intenso prurido (coceira), vermelhidão, liquenificação (pele mais grossa) e as vezes inchaço principalmente nas dobras dos cotovelos, atrás dos joelhos, nuca e em alguns casos pode atingir o corpo inteiro. A maioria dos casos começa antes dos 5 anos de vida e aproximadamente 30% dos crianças com dermatite evoluem para asma e 35% para rinite alérgica.

Não há nenhum exame específico para diagnosticar definitivamente a dermatite atópica, ou seja: o diagnóstico é clínico e feito pelo médico, através do exame da pele durante uma consulta, onde são considerados o histórico médico e familiar do paciente. A doença tem profundo impacto na qualidade de vida das crianças e familiares e pode atrapalhar o sono, o aprendizado escolar e pode ser motivo de bullying. Os fatores genéticos são predominantes no desenvolvimento da dermatite atópica já que o risco de desenvolver dermatite atópica é duas vezes maior em crianças com histórico familiar de alergia.

Já foi reconhecido que o contato precoce com alérgenos alimentares desempenha um papel importante no desenvolvimento tanto da tolerância quanto da sensibilização a antígenos alimentares e estratégias de intervenção nutricional tem sido sugeridas. Dieta materna durante a gestação e na lactação não reduz o risco de alergia no bebê.
Amamentação é altamente recomendada para todos os lactentes saudáveis devido aos seus benefícios nutricionais, imunológicos e psicológicos, mas não reduz o risco de dermatite.

Fórmula de leite a base de soja não é recomendada para prevenção de alergia ou intolerância alimentar e não deve ser utilizada nos primeiros 6 meses de vida. Fórmula hidrolisada nos casos de lactente de risco (no mínimo um parente de primeiro grau com alergia) e na impossibilidade do aleitamento materno, é recomendado o uso de fórmula hidrolisada até 4 meses de vida a fim de reduzir o risco de dermatite atópica nessas crianças.

Tratamento

O manejo básico da dermatite atípica consiste em 4 pilares fundamentais:

  1. Afastamento de fatores irritantes e desencadeantes – Diversos irritantes e alérgenos podem estar envolvidos na piora da dermatite atípica. Os irritantes mais comumente implicados são: detergentes, sabões, amaciantes, roupas sintéticas, etiquetas, poluentes, produtos químicos e condições extremas de temperatura e umidade. As recomendações incluem: utilizar sabão de glicerina neutro para roupa em geral; roupas novas devem ser lavadas previamente ao uso, o vestuário, de preferência, deve ser de tecido de algodão a 100%; sabonetes e xampus a base de aveia e sem perfume; banho rápido com temperatura amena e não são recomendados banhos de imersão;
  2. Hidratação adequada e continuada da pele- é um fator essencial na prevenção e controle da dermatite atópica. Sua ação primordial é restabelecer a barreira cutânea, evitando a perda exagerada de água transepidérmica;
  3. Controle da inflamação e coceira com medicamentos- o uso de corticoesteroides tópicos, anti-histamínicos orais, tacrolimos, pimecrolimos e em casos mais graves e muito extensos o uso de imunomoduladores sistêmicos;
  4. Antibióticos orais ou tópicos nos casos de infecção da pele.


A dermatite atópica é uma doença crônica, mas que é possível controlar com tratamento, evitando os irritantes e mantendo a pele bem hidratada (usar hidratante 2 a 3 x/dia). Em crianças, a doença geralmente começa a desaparecer por volta dos cinco ou seis anos, mas as crises poderão ocorrer com frequência. Em adultos, é geralmente uma doença prolongada ou recorrente. As pessoas com eczema tendem a apresentar pele seca com mais probabilidade de crises no inverno, devido aos banhos muito quentes e contato com lã.

Referências bibliográficas:
Solé D, Mallol J, Stock S, Lungen M, von Berg A et al. Is prevention of atopic eczema with hydrolised formula cost-effective? A health economic evaluation from Germany. Pediatr Allergy Immunol 2010; 20(4):311-23.
Amaral CSF, March MFBP, SantÁnna CC. Quality of life in children and teenagers with atopic dermatitis. An Bras Dermatol 2012; 87(5):717-23.
Williams HC. Atopic Dermatitis. N Engl J Med 2005; 352(22): 2314-24.

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